As mais frequentes no esporte são as tendinopatias. Não abordaremos lesões traumáticas que serão contempladas em outros artigos.
Podemos descrever a epicondilite lateral como uma patologia específica da origem da musculatura no epicôndilo lateral, geralmente causada por sobrecarga, em que micro lesões são geradas na região de inserção dos tendões extensores (mais frequentemente o extensor radial curto do carpo) do punho, dos dedos e, em menor grau, o extensor radial longo do carpo, além da porção anterior do extensor comum dos dedos.
Com relação à prática esportiva, tema principal desta revisão, devemos lembrar sempre da biomecânica do tênis, esporte que mais frequentemente causa esta lesão. Estima-se hoje, segundo relatos da literatura nacional e internacional, que cerca de metade dos tenistas vão ter em algum dia da sua vida esportiva esta lesão, conhecida como tennis elbow. A empunhadura e os golpes de rebatida do tênis requerem a utilização abrangente dos extensores do antebraço. Os extensores se tornam lesionados à medida que os músculos vão sendo fadigados pela atividade repetitiva.
A técnica incorreta na realização dos golpes é o fator que mais frequentemente causa a epicondilite lateral. Pacientes que desenvolvem o cotovelo de tenista, de um modo geral, batem seus golpes de backhand com o “cotovelo a frente” sem completar o movimento até o final da batida. Sabe-se que isso provoca estresse excessivo no epicôndilo lateral e atividade anormal da musculatura do antebraço. Outra dica importante da prevenção: se o tenista conseguir jogar com as duas mãos o golpe de backhand isso também previne as lesões. Isso se explica por dois motivos: em primeiro lugar, o atleta dissipa as forças de impacto do golpe nos dois membros superiores; secundariamente, ele também é forçado a rodar mais o tronco na fase de preparação do golpe, o que vai fazer com que a sua energia angular seja maior, evitando o esforço do membro superior dominante isoladamente.
A epicondilite medial e a tendinopatia do tríceps braquial – também são lesões que podem atrapalhar a vida do esportista. Não abordaremos aqui em detalhes estas patologias, somente lembrando que as mesmas podem necessitar de tratamento de longo prazo, principalmente em esportes em que o arremesso com potência é necessário (saque no tenista, arremesso do pitcher no beisebol, ataque no voleibol, entre outros).
O tratamento deve seguir os mesmos caminhos já descritos para a epicondilite lateral, iniciando-se pelas medidas fisioterápicas analgésicas, passando pelo trabalho de fortalecimento muscular e propriocepção. Em casos nos quais o tratamento conservador não obteve bom resultado em um período de três a seis meses, mesmo sendo realizado de forma correta, outras terapias podem ser necessárias, incluindo a terapia por onda de choque, aplicação de plasma rico em plaquetas e cirurgia nos casos refratários a estes tratamentos.
A ruptura do bíceps distal é outra lesão tendínea que podemos encontrar em esportistas, principalmente em halterofilistas, devido à grande força que estes atletas têm que desempenhar para atingir bons resultados. Um dado importante: sempre que nos depararmos com esta lesão, devemos pesquisar se o atleta faz uso ou não de anabolizantes, pois existe relação direta entre o uso destas substâncias e as rupturas deste tendão no cotovelo.
Possui graduação em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública – EBMSP (2010).
Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia pela Santa Casa de Misericórdia da Bahia – Hospital Santa Isabel.
Especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo pela Santa Casa de Misericórdia da Bahia, Hospital Santa Izabel.
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT e Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo – SBCOC.
Médico Assistente do Grupo de Cirurgia do Ombro e Cotovelo – Hospital Santa Izabel .
Preceptor da Residência de Ortopedia e Traumatologia – Hospital Santa Izabel.